
sermão de santo amaro às gaivotas
autocolante um. página cento e oito. a arte da insolência.
autocolante dois. página cento e doze. pode parecer chocante, mas é-o da mesma maneira que a solidão do louco tem como condição necessária a presença de uma testemunha cordata.
autocolante três. enrique vila-matas. história abreviada da literatura portátil
cromo um. verdade se diga que o país era pequeno, bem pequeno mesmo. logo, é evidente, as coisas também tinham de ser pequenas, para caberem.
cromo dois. mário henrique-leiria. contos do gin-tonic.
minhas avezinhas
a minha amargura anda pelas ruas. eu já não sei que vos diga que já não vos tenha dito. o que é uma contradição absoluta porque eis-me aqui a dizer eu já não sei que diga. hoje porém decidi-me a gritar-vos. na tentativa derradeira de me fazer compreender.
naquele tempo havia uma terra. e a terra estava toda habitada por personagens de assombro. espichavam-se coisas nas paredes como o pensamento que é um narcótico eminente ao poder. outros respondiam com campanhas de tide lava mais branco em autocolantes com o perfil adunco do grande irmão. mas a vida era plácida e a modorreira a todos atingia. todos tinham ainda quarenta e dois anos quando o senhor arquitecto provedor daquela terra resolveu apequenar os domínios de cada um. diz-se que por causa das licenças de habitação concedidas nas quintas feiras às celebridades o país tinha de austerizar a metrossexualidade. e homofobizar as fronteiras da linguagem. muniu-se de algumas qualidades para desempenhar a tarefa. a saber: insolência e indolência, pertinência e abstinência, pendência e paciência. pim. perlim. pim. a diluição destas matérias alimentícias fê-la em copázios de gin. como tónico foi distribui-los pela populaça. foram tempos de sodomia e gonorreia.
e que torre de babel ele fez erguer. logo as personagens de assombro de ainda quarenta e dois anos desataram a falar em línguas tão afiadas quanto o português. de grasnido em grasnido claro é que o apoucamento da terra de cada um chegou depressa. já ninguém tinha quintal onde crescer a couve galega. as casas de pasto fecharam as portas. ao saraiva deu-lhe a falência dos rins e promoveu-se o happy meal. o big mac tomou conta da ocorrência. maçãs podres para todos. lagarta. lagarta. lagarta. os labiares das gentes colaram-se de tanta secura. os olhos das gentes embicaram-se de tanta convergência no latrinório. desenvolveram-se garras em forma de dedos teclantes. as insónias assolaram as divisões exíguas onde cada um agora se apertava. o wc caiu na terra em forma de páraquedista angélicodoce. era um marchemelou americano vindo directamente do vórtice triangular das bermudas. dizia viva o slipe. enquanto deslizava por uma nuvem. e metralhava em agatêemeele. janelas micros e cópicos parapeitos cresceram como ervas daninhas. e das profundas latrinas onde o vomitivo encontro entre as gentes de cá e o gentio de lá ocorreu saiu um tejo de amara reclusão. em quem vamos votar como vamos pontuar interrogação. nota de euro. escudo em riste. voto em branco. espada de chispe. nulo. mangalho. carvalho. nota dez.
a babel se foi estridendo. estridendo. não houve pentecostes. o fogo caiu como bombeiro em cima das gentes. foi mais parecido com a terra média dos senhores dos cachuchos. e do reino de aquém. há até quem diga que era cacafonia. uma estrumada língua de trapos.
os monges trapistas e as funâmbulas freiras da ordem promulgaram a era do aquário. todos tainhas. e sardinhas. destripem-se as estirpes da portugalidade. enlatem-se os atuns. portugal para um lado. idade para o outro. bacalhau maior é que não. apequenem-se as gentes. para caberem nessas apoucadas metroquadradas celas. têzeros para todos. em santo antónio. sem cavaleiros nem godivas. que o corpo pague a crise.
desceu um santanizarreiro ídolo. de megaphone em punho foi engarrafando gentes e etiquetando com minúncia as preces. de um lado orai. do outro pro nobis. ave blimunda. banido. passarola. sachola. martola. na tola.
minhas avezinhas
esse era um tempo de cânticos pagãos. a nossa sempre foi uma terra temente ao arquitecto. e muitos foram os profetas que previram a queda desse howard hughes de slipes. em verdade vos digo que é menos fácil ser visivelmente lobo que lhe vestir a pele. e sendo que era um dado adquirido que pele só sintética as gentes sendo politicamente correctas acolheram aquele lobo de poliester no seu seio. foram tempos de treva. e de erva. a transumância levou esses nossos ante passados a pastagens tão longínquas como as estepes. siberianas matilhas lhes devoraram os olhos já embicados. ventos gélidos lhes fenderam os lábios. em leporinas línguas se foram dissolvendo. os hermans deixaram os esses e desse império crescente se foi erguendo um laranja pálido. desceu sobre as gentes uma chuva de estrelas. era o prenúncio do norte. com acento agudo. e esdrúxula aquecida. um longo corredor de camiões scuba última geração os encaminhou de regresso à apequenada mas ainda assim casa. na ausência mudaram-se. e estiveram-se em tintas. absinto imediato para as colunas bloguísticas gritavam. estavam nas curvas quando lhes ocorreu que precisavam de um link. o resto seguiu por mail.
minhas avezinhas
reza a história que os poucos que ainda resistiam no reduto plantado no beiral oceânico tinham entretanto desenvolvido uma resistente asa de gaivota. voavam voavam e aqueles filhos de pata não havia maneira de acertarem na praia. era um voo às cegas. mas o instinto estava lá. era um neurogenéticoinstinto. um anel de moebius em elíptico preto no branco. a adêénica escada ia recompondo a matéria corpórea de cada um. uns fontes verdana. outros size doze. outros ainda comentes com. arrobas havia muitos. e os quintais voltaram. e com eles as couves de caldo. verdes são os campos. da cor do limão. a esperança que era a quintaessência filha do vinteecincodeabril e da prima maio deu os primeiros passinhos. foi uma festa. brava e rija como só aquelas gaivotas de asas andorinhícas sabiam fazer. cocktails de iguais e fraternos cálices de vinho novo e água mãopunhocravo foram distribuídos. que madrugada. que grandolada.
instituíram-se forais a vilas morenas. as loiras beberam-se em longos tragos de fraternidade. e os zecas foram afonsinos.
nem tudo o que é ouro luz todavia. e se a incidência do sol não invocar a clorofila temos fungos. essa era ainda uma terra de ninguém. mas ninguém sabia. deram-se alvíssaras. e cavacos.
minhas avezinhas do tejo
esses são os vossos pais. os que se abriram em asas para desbravar terras além mar. os que debicaram olhos tão improváveis como os do camões. os que em manhãs de nevoeiro se adiantaram ao cavalo árabe do sebastião. e desceram em bandos parecidos com índios da meia praia. capitães da areia. os que por mares nunca dantes navegados passaram mais além do cabo espichel. e em terras apequenadas instituíram a biblioteca de alexandria. essa soberba instituição adventícia. com a paciência que só quem voa sabe ter os vossos pais abriram écrans nas paredes húmidas e carcomidas da apequenada terra. resgataram rams das prisões. postaram-se erectos e directos em fila de um. como candeeiros à espera. e que fila. mais parecia a ic dezanove em hora de ponta. uma serpente cromática e de intermitência faroleira indicava aos camiões que devolviam as gentes à terra onde deveria estacionar. o que aconteceu depois está nos anuros dos arquivos. sapos lagartos e rãs disfarçados de príncipes com lábios carnudos beijaram as fêmeas. houve a mutação. e a votação pariu-se numa maioria de reputados transformistas. metade gaivotas metade harpias. alguns mesmo harpias completos. outros ainda com uma genética evocativa. poucos.
minhas avezinhas
em verdade em verdade vos digo que nada do que tenho para vos dizer vos passa pelo buraco da agulha. ainda assim gritar-vos-ei: ONDE PORRA DE CRUZAMENTO É QUE AS GENTES VIRARAM EM QUE PORRA DE FARINHA AMPARO SAIU A CARTA DE CONDUÇÃO DESSES MOTORISTAS EM QUE PORRA DE MAPA ASTRAL FORAM LER OS DESÍGNIOS ESTRADAIS
pontuação interrupção
mas a fé é paciente. nada te turbe dizia a santinha. e pela ladeira cá vamos. escorrendo em apequenados pios. grasnamos agora e aqui neste covil de lobos disfarçados de canarinhos e periquitos. misterious ways de patas em que nos engaiolamos. que é como quem diz obrinhas de deus é o que é.
e que ninguém nos corte o pio. em doze ou treze de maio cantaremos o fado no campo sintético de fátima. em espanhol. de punho erguido. num grande manguito ao vinte de fevereiro.
a bem da nação. pequena. pequenota do periquito bergamota. plim.
pós de escrito: esta é uma transmissão neurónica interrompida por despacho do ministro das obras pias.
assinatura em latrinório ilegível. supõe-se benzo te dias zepina. ou al prazol' am. escato. lógico.
run, run, run, let's run é o que me apetece, porra, fazer. vêm aí as eleições.autocolante dois. página cento e doze. pode parecer chocante, mas é-o da mesma maneira que a solidão do louco tem como condição necessária a presença de uma testemunha cordata.
autocolante três. enrique vila-matas. história abreviada da literatura portátil
cromo um. verdade se diga que o país era pequeno, bem pequeno mesmo. logo, é evidente, as coisas também tinham de ser pequenas, para caberem.
cromo dois. mário henrique-leiria. contos do gin-tonic.
minhas avezinhas
a minha amargura anda pelas ruas. eu já não sei que vos diga que já não vos tenha dito. o que é uma contradição absoluta porque eis-me aqui a dizer eu já não sei que diga. hoje porém decidi-me a gritar-vos. na tentativa derradeira de me fazer compreender.
naquele tempo havia uma terra. e a terra estava toda habitada por personagens de assombro. espichavam-se coisas nas paredes como o pensamento que é um narcótico eminente ao poder. outros respondiam com campanhas de tide lava mais branco em autocolantes com o perfil adunco do grande irmão. mas a vida era plácida e a modorreira a todos atingia. todos tinham ainda quarenta e dois anos quando o senhor arquitecto provedor daquela terra resolveu apequenar os domínios de cada um. diz-se que por causa das licenças de habitação concedidas nas quintas feiras às celebridades o país tinha de austerizar a metrossexualidade. e homofobizar as fronteiras da linguagem. muniu-se de algumas qualidades para desempenhar a tarefa. a saber: insolência e indolência, pertinência e abstinência, pendência e paciência. pim. perlim. pim. a diluição destas matérias alimentícias fê-la em copázios de gin. como tónico foi distribui-los pela populaça. foram tempos de sodomia e gonorreia.
e que torre de babel ele fez erguer. logo as personagens de assombro de ainda quarenta e dois anos desataram a falar em línguas tão afiadas quanto o português. de grasnido em grasnido claro é que o apoucamento da terra de cada um chegou depressa. já ninguém tinha quintal onde crescer a couve galega. as casas de pasto fecharam as portas. ao saraiva deu-lhe a falência dos rins e promoveu-se o happy meal. o big mac tomou conta da ocorrência. maçãs podres para todos. lagarta. lagarta. lagarta. os labiares das gentes colaram-se de tanta secura. os olhos das gentes embicaram-se de tanta convergência no latrinório. desenvolveram-se garras em forma de dedos teclantes. as insónias assolaram as divisões exíguas onde cada um agora se apertava. o wc caiu na terra em forma de páraquedista angélicodoce. era um marchemelou americano vindo directamente do vórtice triangular das bermudas. dizia viva o slipe. enquanto deslizava por uma nuvem. e metralhava em agatêemeele. janelas micros e cópicos parapeitos cresceram como ervas daninhas. e das profundas latrinas onde o vomitivo encontro entre as gentes de cá e o gentio de lá ocorreu saiu um tejo de amara reclusão. em quem vamos votar como vamos pontuar interrogação. nota de euro. escudo em riste. voto em branco. espada de chispe. nulo. mangalho. carvalho. nota dez.
a babel se foi estridendo. estridendo. não houve pentecostes. o fogo caiu como bombeiro em cima das gentes. foi mais parecido com a terra média dos senhores dos cachuchos. e do reino de aquém. há até quem diga que era cacafonia. uma estrumada língua de trapos.
os monges trapistas e as funâmbulas freiras da ordem promulgaram a era do aquário. todos tainhas. e sardinhas. destripem-se as estirpes da portugalidade. enlatem-se os atuns. portugal para um lado. idade para o outro. bacalhau maior é que não. apequenem-se as gentes. para caberem nessas apoucadas metroquadradas celas. têzeros para todos. em santo antónio. sem cavaleiros nem godivas. que o corpo pague a crise.
desceu um santanizarreiro ídolo. de megaphone em punho foi engarrafando gentes e etiquetando com minúncia as preces. de um lado orai. do outro pro nobis. ave blimunda. banido. passarola. sachola. martola. na tola.
minhas avezinhas
esse era um tempo de cânticos pagãos. a nossa sempre foi uma terra temente ao arquitecto. e muitos foram os profetas que previram a queda desse howard hughes de slipes. em verdade vos digo que é menos fácil ser visivelmente lobo que lhe vestir a pele. e sendo que era um dado adquirido que pele só sintética as gentes sendo politicamente correctas acolheram aquele lobo de poliester no seu seio. foram tempos de treva. e de erva. a transumância levou esses nossos ante passados a pastagens tão longínquas como as estepes. siberianas matilhas lhes devoraram os olhos já embicados. ventos gélidos lhes fenderam os lábios. em leporinas línguas se foram dissolvendo. os hermans deixaram os esses e desse império crescente se foi erguendo um laranja pálido. desceu sobre as gentes uma chuva de estrelas. era o prenúncio do norte. com acento agudo. e esdrúxula aquecida. um longo corredor de camiões scuba última geração os encaminhou de regresso à apequenada mas ainda assim casa. na ausência mudaram-se. e estiveram-se em tintas. absinto imediato para as colunas bloguísticas gritavam. estavam nas curvas quando lhes ocorreu que precisavam de um link. o resto seguiu por mail.
minhas avezinhas
reza a história que os poucos que ainda resistiam no reduto plantado no beiral oceânico tinham entretanto desenvolvido uma resistente asa de gaivota. voavam voavam e aqueles filhos de pata não havia maneira de acertarem na praia. era um voo às cegas. mas o instinto estava lá. era um neurogenéticoinstinto. um anel de moebius em elíptico preto no branco. a adêénica escada ia recompondo a matéria corpórea de cada um. uns fontes verdana. outros size doze. outros ainda comentes com. arrobas havia muitos. e os quintais voltaram. e com eles as couves de caldo. verdes são os campos. da cor do limão. a esperança que era a quintaessência filha do vinteecincodeabril e da prima maio deu os primeiros passinhos. foi uma festa. brava e rija como só aquelas gaivotas de asas andorinhícas sabiam fazer. cocktails de iguais e fraternos cálices de vinho novo e água mãopunhocravo foram distribuídos. que madrugada. que grandolada.
instituíram-se forais a vilas morenas. as loiras beberam-se em longos tragos de fraternidade. e os zecas foram afonsinos.
nem tudo o que é ouro luz todavia. e se a incidência do sol não invocar a clorofila temos fungos. essa era ainda uma terra de ninguém. mas ninguém sabia. deram-se alvíssaras. e cavacos.
minhas avezinhas do tejo
esses são os vossos pais. os que se abriram em asas para desbravar terras além mar. os que debicaram olhos tão improváveis como os do camões. os que em manhãs de nevoeiro se adiantaram ao cavalo árabe do sebastião. e desceram em bandos parecidos com índios da meia praia. capitães da areia. os que por mares nunca dantes navegados passaram mais além do cabo espichel. e em terras apequenadas instituíram a biblioteca de alexandria. essa soberba instituição adventícia. com a paciência que só quem voa sabe ter os vossos pais abriram écrans nas paredes húmidas e carcomidas da apequenada terra. resgataram rams das prisões. postaram-se erectos e directos em fila de um. como candeeiros à espera. e que fila. mais parecia a ic dezanove em hora de ponta. uma serpente cromática e de intermitência faroleira indicava aos camiões que devolviam as gentes à terra onde deveria estacionar. o que aconteceu depois está nos anuros dos arquivos. sapos lagartos e rãs disfarçados de príncipes com lábios carnudos beijaram as fêmeas. houve a mutação. e a votação pariu-se numa maioria de reputados transformistas. metade gaivotas metade harpias. alguns mesmo harpias completos. outros ainda com uma genética evocativa. poucos.
minhas avezinhas
em verdade em verdade vos digo que nada do que tenho para vos dizer vos passa pelo buraco da agulha. ainda assim gritar-vos-ei: ONDE PORRA DE CRUZAMENTO É QUE AS GENTES VIRARAM EM QUE PORRA DE FARINHA AMPARO SAIU A CARTA DE CONDUÇÃO DESSES MOTORISTAS EM QUE PORRA DE MAPA ASTRAL FORAM LER OS DESÍGNIOS ESTRADAIS
pontuação interrupção
mas a fé é paciente. nada te turbe dizia a santinha. e pela ladeira cá vamos. escorrendo em apequenados pios. grasnamos agora e aqui neste covil de lobos disfarçados de canarinhos e periquitos. misterious ways de patas em que nos engaiolamos. que é como quem diz obrinhas de deus é o que é.
e que ninguém nos corte o pio. em doze ou treze de maio cantaremos o fado no campo sintético de fátima. em espanhol. de punho erguido. num grande manguito ao vinte de fevereiro.
a bem da nação. pequena. pequenota do periquito bergamota. plim.
pós de escrito: esta é uma transmissão neurónica interrompida por despacho do ministro das obras pias.
assinatura em latrinório ilegível. supõe-se benzo te dias zepina. ou al prazol' am. escato. lógico.
4 Comments:
-Toc toc?
-Quem é?
Abre sempre a porta com um sorriso, mesmo que atrás das costas tenhas uma faca...
beijo
Olá. Há cartas por enviar? Abriu um marco de correio alternativo, aberto 24 horas por dia :)
Excellent, love it! » » »
Continuo a só ler títulos
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